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Kate A. Spreckley

Todos estamos nos tornando conscientes de que nosso mundo está mudando e se transformando. Muitas pessoas estão seguindo caminhos de auto-descoberta e de cura, abrindo-se e se tornando mais conscientes espiritualmente. Estejamos conscientes disto ou não, as crianças de nosso mundo têm precipitado estas mudanças e transformações.

Estas crianças estão sujeitas a muitos rótulos diferentes, mas são basicamente todas as crianças do nosso mundo. Neste artigo focarei duas das “novas” crianças diferentes que eu tenho encontrado em meu trabalho e darei uma explicação de quem elas são, por que elas estão aqui e qual é o seu propósito.

É prestando atenção às necessidades da Criança Índigo ou Cristal que podemos ajudar todas as crianças. Eu devo enfatizar que todas as crianças são especiais com necessidades específicas e talentos especiais e em minha opinião todas as nossas crianças ou são Índigo ou Cristal.

Crianças Índigo

O nome “Crianças Índigo” foi criado por Nancy Tappe que escreveu sobre os Índigos em seu livro “Compreendendo a sua Vida através da Cor”, publicado em 1982. A cor predominante da aura ou campo de energia da Criança Índigo é a cor índigo. Esta cor é indicativo do Chacra do Terceiro Olho, o centro de energia da intuição e da atividade psíquica, que se acredita estar todo aberto nas Crianças Índigo.

As almas Índigo estiveram chegando ao nosso planeta por algum tempo, mas nunca vieram em números tão grandes. O grupo atual têm encarnado por cerca de 40 anos. Os primeiros índigos nasceram entre o final dos anos cinqüenta e dos anos setenta. O grande impacto dos Índigos começou na metade dos anos oitenta. Pesquisas têm mostrado que 90% das crianças abaixo da idade dos 12 são Índigos e as últimas crianças Índigos nasceram em 1999. Os Índigos mais velhos possuem as mesmas características dos mais jovens, mas eles têm um período de “despertar” mais extenso. Eles estão começando a entrar em seu poder e agora atuarão como guias e exemplos a serem seguidos pela geração mais jovem.

O propósito principal das Crianças Índigo é elevar o nível da consciência humana e a vibração do nosso planeta, e, portanto, ajudar a humanidade a ascender a um nível mais elevado de consciência. Eles são, portanto, a próxima etapa na evolução humana. Eles têm o propósito de derrubar os padrões limitantes e restritivos do pensamento e do comportamento e de restaurar a beleza para a nossa Terra criando um mundo novo e diferente.

Os Índigos são muito inteligentes e criativos, mas também rebeldes quanto à autoridade e aos sistemas em geral. Seu comportamento rebelde torna difícil para eles passar pela infância e talvez até pela idade adulta. Eles são freqüentemente rotulados de maneira errônea com desordens tais como ADD ou ADHD.

Eles têm níveis extremos de sensibilidade, difícil de compreender e apreciar pelos que não compartilham desta característica. Eles podem ser muito empáticos e atenciosos, contudo eles podem se tornar insensíveis, se sofrerem algum tipo de abuso emocional.

Geralmente as Crianças Índigos sentem imensas quantidades de ira e de frustração e reagem agressivamente em relação aos ambientes, tanto em casa como na escola. Freqüentemente, elas mesmas não compreendem suas reações e não sabem de onde elas se originam. Não podem se expressar adequadamente e se tornam super estimuladas e ansiosas. É importante que elas encontrem meios que dêem vazão aos sentimentos seguros e aceitáveis, e talvez, até aconselhamento para isto, pois a raiva e a frustração que elas sentem, freqüentemente nem mesmo é sua, mas de emoções não expressas de pessoas ao seu redor. Elas são incapazes de competir com qualquer tipo de discórdia, raiva ou desequilíbrio em seu ambiente e é, portanto, importante que elas recebam algum tipo de meios que dêem vazão aos sentimentos e um lugar onde elas sejam capazes de ir para se acalmarem.

Os Índigos variam muito em sua aparência, mas sempre haverá algo sobre elas que as distinguem dos demais. Elas têm olhos espertos que vêem direto em sua alma. É extremamente difícil mentir para elas, porque elas têm a habilidade de ver através da desonestidade. Elas têm ouvido cada mentira, cada maquinação e feito tudo o que há para ser feito desde o início do tempo. Mas elas se dispuseram a voltar com toda a sua sabedoria e experiência intactas.

Para compreender realmente a Criança Índigo, nós precisamos adotar uma abordagem holística. Isto nos capacitará a olhar para cada criança como uma alma única, que escolheu voltar, escolheu seus pais, tudo a fim de facilitar o seu propósito.

Crianças Cristal

As Crianças Cristal representam a próxima etapa no processo evolutivo da humanidade, elas são simplesmente colocadas como a próxima geração das Crianças Índigo. Mas onde as Crianças Índigo vieram para derrubar as velhas estruturas, sistemas e padrões, as Crianças Cristal vieram para nos mostrar um novo e melhor modo de ser. Elas vieram para começar o processo de renovação e de reconstrução, depois que as Crianças Índigo vieram para desmantelar e remover modos velhos e limitantes de pensamento e de ser. Elas nos mostrarão um modo de viver que incorpora somente a alegria, o amor, a paz e a harmonia. Elas vieram para nos mostrar como viver de nossos corações e não de nossas cabeças, elas estão aqui para nos ajudar a reconectar com nossas emoções e a viver a vida a partir desta perspectiva.

As Crianças Cristal começaram a chegar ao planeta em números muito pequenos desde 1998. Começaram a chegar em números significativos aproximadamente de 2000 para a frente. Conforme mais crianças Cristal chegam elas vão mantendo a energia para que mais almas Cristal encarnem.

As Crianças Cristal chegam em ondas reunindo-se como uma consciência. As crianças Cristal têm “assistido” os Índigos sendo rotulados de ADHD, ADD ou apenas diferentes e difíceis e tomaram uma decisão de se reunir, assim elas não serão rotuladas e nós teremos que reconhecer que há algo “diferente” sobre todas estas crianças.

As Crianças Cristal funcionam mais como uma consciência de grupo, do que como indivíduos, e deste modo, elas são até mais poderosas e criativas. Um dos seus maiores presentes para nós e para a Terra é a oportunidade para que ascendamos rapidamente e nos movamos para as vibrações mais elevadas. Deste modo somos capazes de nos abrir e revelar nosso verdadeiro potencial. Elas estão servindo como catalisador para a nossa própria evolução e muitas Crianças e Adultos Índigo estão fazendo a transição para a vibração Cristal com a ajuda das Crianças Cristal. E a elevação na vibração da humanidade capacitará a própria Terra de ascender e renascer como a “Nova Terra”.

Geralmente as Crianças Cristal são reconhecidas através da cor da sua aura que é normalmente transparente, mas podem também carregar tons opalinos de dourado, azul-índigo e magenta (carmesim brilhante). É importante compreender que a Criança Cristal é uma “Criança Crística”, cujo propósito é encarnar e manter a Energia Crística.

A consciência Crística é o estado de consciência de nossa verdadeira natureza, de nosso direito nato natural como crianças do Grande Espírito, nosso Criador. É nossa expressão viva, enquanto revelamos o nosso próprio plano divino de vida, o de trazer o Céu à Terra. Ao vivermos neste estado, nós estamos real e plenamente vivos e investidos em quem verdadeiramente somos. Quando nós acessamos e mantemos ativamente a Consciência Crística, nos tornamos uma inspiração para que outros busquem este estado para si mesmos e sejamos, portanto, capazes de avançarmos, nós e a nossa Terra, para a transformação planetária e para estados mais elevados de evolução.

O objetivo de cada ser humano é evoluir em direção a uma vida do Espírito. Enquanto a nossa jornada se revela no decorrer do curso de nossa existência, o Espírito alcança os corações e mentes dos Humanos para nos estimular a escolher o caminho da ascensão para nos unirmos com a Fonte de toda a Criação. As Crianças Cristal mantêm esta vibração da Consciência Crística e ao fazerem assim, capacitam cada ser humano a acessar esta vibração de energia e começar o seu processo de reconexão com os seus verdadeiros eus e o Grande Espírito, nosso Criador.

Enquanto mais e mais de nós se abrem para a consciência da energia Crística ou Cristal, nossas mentes e corações crescem e se fortalecem e a vida se torna mais liberada, jubilosa, tranqüila e amorosa.

As novas Crianças vieram para nos ajudar a alcançar a plena consciência de paz e de harmonia. Elas estão aqui para nos ensinar a expressar a nossa verdade, a vivermos o nosso discurso e a seguirmos as nossas paixões. Elas nasceram para unir mãos e para encontrar um melhor modo de viver para toda a humanidade. Elas nos incitarão a sermos responsáveis por nós mesmos. Elas nos compelirão a pensar profundamente sobre o modo como vivemos as nossas vidas, como tratamos os outros, como nos tratamos e as nossas crianças.

Estas crianças trazem presentes de amor, de compaixão e de sabedoria. Permitam que elas sejam os seus professores, ouçam-nas, dêem espaço para elas, honrem-nas e elas os honrarão, em troca. Vocês são o que a sua criança precisa para crescer e aprender e elas lhes trarão também crescimento e aprendizagem.

Uma das mais importantes mudanças requeridas em nosso mundo está na área da criação e da educação da criança. Um dos problemas principais com que nos defrontamos como uma raça humana, é a nossa inabilidade de confiar em nós mesmos e de deixar as nossas zonas de conforto. Entretanto é crucial que criemos uma nova visão para as nossas novas crianças e ao fazermos isto ajudamos a evoluir toda a humanidade. Nosso futuro depende destas crianças, e se elas não tiverem o apoio dos seus pais ou da sociedade, a sua missão pode fracassar.

Podemos de fato, dar-nos ao luxo de ignorar a possibilidade de que se as nossas crianças estão tendo dificuldades na escola ou em casa, somos nós que precisamos mudar? Está o nosso mundo tão perfeitamente equilibrado, tão cheio de amor que podemos nos dar ao luxo de não questionarmos as nossas escolhas?

Eu acredito que o futuro de nosso mundo depende de que pais e professores desenvolvam o insight e os comportamentos necessários para capacitar as suas crianças a se desenvolverem adultos bem equilibrados e confiantes.

Pais e professores precisam se educar sobre estas novas crianças. Eles precisam explorar a sua própria infância, tanto as experiências negativas, como positivas. Elas precisam crescer como pessoas e, principalmente, eles precisam ser honestos com eles mesmos e especialmente com as suas crianças.

Estas novas crianças sabem o que elas precisam e se permanecermos abertos e as ouvirmos, elas nos dirão. Compreender o ponto de vista de uma criança é novo para muitos de nós, mas é precisamente do seu ponto de vista que mais precisamos neste mundo.

Tradução:

Regina Drumond reginamadrumond@yahoo.com.br

Fonte em Português:

http://www.novasenergias.net/kate/indigocrystal.html

Em Inglês:

www.spiritpathways.co.za

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obes

O número de crianças com excesso de peso nos Estados Unidos e em muitos países industrializados TRIPLICOU nas últimas duas décadas. A obesidade infantil passou a ser não só um problema de saúde pública como gerou outros fatores graves entre crianças e jovens: o desajuste social e distúrbios emocionais. No Brasil, de acordo com levantamento do IBGE, 10% das crianças e adolescentes têm sobrepeso e 7,3% (cerca de um milhão e meio de crianças e adolescentes) são obesas.

A genética é só um fator

Entre os americanos, os afro-descendentes são, ao lado dos latinos, os que apresentam maior índice de obesidade infantil. Em geral são as camadas de classe média baixa onde o maior lazer ainda é a farta mesa dos restaurantes de fast food. Não há dúvida que pais obesos tendem a gerar crianças obesas, seja por direta influência genética, seja por exemplo de “glutonice”.
Enquanto não deciframos os genes que nos empurram para a obesidade, melhor é prevenir.

Comida fácil e errada, em casa e nas escolas

Com o problema instalado é normal e compreensível que se busque os motivos, os culpados, a origem de tudo. Claro que a causa número 1 é o excesso de nutrição, principalmente aquela sob forma de comidas pré-preparadas, com excesso de gordura e muito carboidrato. Vivemos em uma sociedade onde os pais, por trabalharem demais, têm pouco ou nenhum tempo para supervisionar o preparo da alimentação e as refeições de seus filhos. Muitas crianças ficam “livres” para escolher alimentos fast food (pizza), fáceis de preparar (pipoca) e doces, bolos, chocolates, sorvetes, refrigerantes disponíveis na geladeira.

Na escola as guloseimas supercalóricas estão disponíveis na cantina, favorecendo a gulodice, entupindo a criança com salgadinhos, batata frita e embutidos gordurosos. Mesmo as crianças que têm o privilégio de receber em casa uma educação alimentar adequada dificilmente conseguem resistir ao apelo de experimentar o que a “turma” está comendo e bebendo. Imagine as que não têm supervisão dos pais?

A força da indústria de alimentos

Não é fácil resistir. Se os adultos já não conseguem, as crianças são vítimas ainda mais vulneráveis. As porções servidas aos pequenos fregueses em lanchonetes e cantinas são cada vez mais vistosas e atraentes, mas também são maiores e mais calóricas. A televisão tem uma força extraordinária neste campo: “Mãe compra estes salgadinhos! Olha, mãe, o hambúrguer com uma montanha de batatas fritas está em promoção” e por aí vai. No supermercado a criança se deslumbra com os chocolates da páscoa, com o panetone do Natal,com os novos tipos de sorvetes, com o enorme tamanho da barra de chocolate!
Este assunto é tão sério que a ONG “Intenational Association for Study of Obesity” lançou uma campanha na União Européia para proibir anúncios atraentes de produtos que possam causar excesso de peso às crianças.

A falta de exercício físico e espaço para brincar

Todo adulto compara a infância do filho com o tempo em que ele próprio era criança. É comum fazer-se comparações do tipo: “No meu tempo de criança corríamos atrás da bola e dos balões, jogávamos bola na rua, andávamos de bicicleta pelo bairro, vivíamos praticando esportes”. Hoje os jogos eletrônicos prendem a criança em casa. Elas ficam horas e horas jogando o hipnótico “game”, comendo salgadinhos, batatas fritas e pipoca. Todos sabemos que o fato de passar horas na frente de uma televisão está diretamente relacionado com excesso de peso infantil. Mas essa não é opção da criança. É uma característica da vida atual. O fato de parte substancial da população viver em espaços residenciais restritos, sem acesso a parques, sem praticar esportes nos clubes, sem andar pelas ruas, faz com que a criança se acostume com a inatividade.

Algo já está sendo feito, mas ainda é pouco

No Rio de Janeiro o prefeito proibiu que as crianças de Escolas Públicas tivessem acesso a alimentos “engordativos” substituindo-os por frutas, sucos naturais e preparações menos calóricas. Tal exemplo foi seguido por Florianópolis, Belo Horizonte e Porto Alegre. É um bom começo e sem dúvida irá ajudar na prevenção à obesidade infantil. É preciso ainda que escolas, professores e programas educativos na televisão invistam em divulgar, de uma forma apropriada à idade, os princípios de Nutrição Saudável. A informação é um caminho eficiente também para os pequenos.

A responsabilidade das autoridades

Não podemos aceitar a prevalência de 16% das crianças com obesidade e que 31% estejam com excesso de peso. O esforço conjunto de autoridades escolares, o esclarecimento dos pais, a persuasão positiva do marketing de alimentos saudáveis aliados a campanha governamental contra a obesidade e a inatividade física irá levar a resultados lentos, mas positivos. Vale a pena lembrar que 50% dos adultos com obesidade foram crianças obesas. É por aqui que devemos começar a buscar soluções para a obesidade infantil.

Fonte:

http://www.gordoabsolvido.com.br/noticia14.htm

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Escola Tradicional

Boa parte das escolas ditas tradicionais absorve, também, um pouco das novas metodologias de ensino. Mas, em geral, esta corrente caracteriza-se por uma relação hierárquica em que o professor é responsável pela transmissão do conhecimento de forma acabada ao aluno. O conteúdo a ser passado é pré-definido de acordo com o que a tradição julga mais importante.

Uma crítica que se faz a este tipo de escola em que o professor fala e o aluno ouve é que ela se preocupa mais com a variedade e a quantidade de informações de que com a formação do pensamento reflexivo. Paulo Freire chegou a chamar este procedimento de “educação bancária”, segundo a qual simplesmente se depositam conhecimentos no aluno. O fato é que esta “educação bancária” tem rendido juros, com um alto índice de aprovação no Vestibular.

Também não é para menos: a forma de avaliação é semelhante à do Vestibular. Verifica-se o sucesso do ensino pela quantidade e exatidão de informações que o aluno consegue reproduzir. As provas e os exames certificam se o mínimo exigido para cada período foi atingido.

Autor: Eduardo Viana

Vantagens

Essa linha de ensino difundiu-se no século 18, a partir do Iluminismo, e tinha por objetivo universalizar o acesso do indivíduo ao conhecimento. Foi considerada não-crítica e ultrapassada nas décadas de 60 e 70, mas ainda tem prestígio. Seus defensores enfatizam que não há como formar um aluno crítico e questionador sem uma sólida base de informação (Norma Leite Brandão).

Desvantagens

Relação Professor-Aluno: A relação é a de superior-adulto que ensina a inferior-aluno que aprende mediante a instrução, e em clima de forte disciplina, ordem, silêncio, atenção e obediência em relação aos valores vigentes.

Essa proposta de ensino privilegia o conteúdo.

É centrada na figura do professor, encarregado de transmitir o conhecimento. O aluno é um elemento passivo, que recebe e assimila o que é transmitido.

O seu sistema de avaliação mede a quantidade de informação absorvida. A ênfase está na memorização e na reprodução do conteúdo por meio de exercícios. Privilegia a preparação para o vestibular desde o início do currículo escolar.

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pedagogia Waldorf

Outro europeu que resolveu dar sua contribuição à Pedagogia foi o austríaco Rudolf Steiner, criador dos estudos antroposóficos, que deram origem ao método Waldorf. Para Steiner, a vida escolar também é, como para Freinet e Montessori, uma vida em conjunto, de respeito, distribuição de responsabilidades e afeto. O professor deve ser o mesmo da 1ª à 8ª série, permitindo um conhecimento profundo do aluno. Segundo a teoria antroposófica, o desenvolvimento humano se dá em diversos estágios, todos com duração aproximada de sete anos. O ensino deve respeitar estes estágios desenvolvendo-se de forma diferenciada em cada um. A experimentação, aqui, também é fundamental para o aprendizado. O método de avaliação das escolas Waldorf também é qualitativo, no sentido de dar retorno ao professor sobre o grau de desenvolvimento do aluno. Não há repetições de ano e nem atribuições de notas no sentido usual.

Por Eduardo Viana

Hipótese Básica da Pedagogia Waldorf:

A partir da interação entre herança, influência ambiental e aspectos internos, o homem constrói a sua vivência. O ser humano deve buscar a resposta que seu interior é capaz de realizar, pois todos nascemos com predisposições e capacidades que ao longo do tempo se desenvolverão.

Características da Pedagogia Waldorf

• Ensino teórico acompanhado pelo prático.

• Enfoque nas atividades corpóreas, artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos estudantes.

• O cultivo da atividade do pensar inicia-se com a imaginação, do conhecimento de contos, lendas e mitos até gradativamente atingir-se o desenvolvimento mais abstrato, teórico e rigorosamente formal, mais ou menos na época do ensino médio. Essa não exigência de atividades que necessitam de um pensar abstrato muito cedo é também um dos grandes diferenciais em relação à outros métodos de ensino.

• Predomina o exercício e desenvolvimento de habilidades e não do mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e os valores morais e espirituais.

• O Saber, desta forma, não é a finalidade básica da educação, não é o fim último a ser atingido, mas o meio para que o aluno alcance harmonia e estabilidade no seu processo de autoconhecimento e também da realidade que o cerca.

• O professor deve “receber a criança em agradecimento ao mundo de onde ela vem; educar a criança com amor; conduzir a criança através da verdadeira liberdade que pertence ao homem” (STEINER, Oxford, 1922).

• Setênios – antiga concepção grega na qual a vida humana é dividida em períodos de 7 anos. Steiner retoma esta idéia e aplica à pedagogia. Cada setênio apresenta momentos claramente diferenciáveis, nos quais surgem ou despertam interesses, perguntas latentes e necessidades concretas. Do período da infância a adolescência dá-se importância aos três primeiros setênios, nas faixas de 0 a 7 anos, de 7 a 14 e de 14 a 21 anos, período que os jovens recebem educação escolar.

Os Setênios

De 0 a 7 anos – a criança emprega todas as suas energias para o desenvolvimento de seu físico. Ela manifesta toda sua volição através da intensa atividade corporal. Esta atividade física se metamorfoseia na maior ou menor capacidade de atuar na vida adulta com liberdade no âmbito cultural-intelectual.

• A criança está aberta ao mundo

• Tem confiança ilimitada

• Recebe impressões sensoriais

• Não elabora julgamento ou análise

• Está na fase do desenvolvimento motor

• As percepções inadequadas são armazenadas no inconsciente (não compreende os pensamentos dos adultos)

• Aprendizado por imitação

• O educador Waldorf deve ser digno de ser imitado, pois nessa imitação inconsciente estará fundamentado sua moralidade futura

De 7 a 14 anos – Emancipando-se da vida puramente corporal, as energias infantis reaparecem metamorfoseadas em boa memória, imaginação, prazeres em repetições rítmicas e freqüentemente em desejo de conhecer imagens de caráter universal capazes de estimular a fantasia.

• Desenvolvimento anímico

• Interage e reage aos estímulos que recebe

• Necessita de explicações conceituais

• Interesse pela admiração que as coisas causam

• Vivência na área dos sentimentos (sai sentido entra sentimento)

• Puberdade (12 a 14 anos) perturba a harmonia anímica

• O professor Waldorf deve saber o que é bom ou não para seu aluno e entusiasmá-lo, deve ter “autoridade amorosa”

De 14 a 21 anos O jovem entra numa relação totalmente nova com o mundo. Liberam-se as energias anímicas, ou seja, elas se tornam independentes. No entanto, a trajetória de desenvolvimento do anímico constitui a base da vida emotiva pessoal, em que a vida se torna assunto próprio e interrogação individual sobre tudo que existe.

• Desenvolvimento do lógico, analítico e sintético

• Separa-se do mundo (vê o mundo de fora)

• Quer explicações conceituais e intelectuais

• Quer ser compreendido

Desvantagens:
Por ser muito complexa existe o risco de dificuldade em compreender “a perspectiva antroposófica sobre a vida, o que facilmente suscita interpretações distorcidas sobre as intenções e metas educativas”.
Existe a possibilidade de se criar uma dicotomia entre um ‘mundo Waldorf’ e o ‘mundo lá fora’, quando o processo de mediação do professor não corresponde aos ideais pedagógicos. A Pedagogia Waldorf foi concebida para inserir seus alunos no mundo
que está aí. O verdadeiro e profundo interesse pela vida começa no vínculo que o docente estabelece consigo, com os outros e com o entorno, e continua – após a interação no espaço escolar – no vínculo que os alunos estabelecem com a vida. A
pedagogia, no segundo setênio, está focada na educação estética, não há como separar a estrutura afetiva dos seres que a realizam e dos seres que a usufruem.
fonte: dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/12134/1/disser_jonas.pdf

Informações:

http://www.steiner-waldorf.org/ (frances): Waldorf na Europa, testemunhos e artigos cientificos

http://sab.org.br/pedag-wal/pedag.htm#li (portugues): dá uma idéia geral e informaçoes sobre onde encontrar escolas e curso de formaçao de professores.

dspace.c3sl.ufpr.br/dspace/bitstream/1884/12134/1/disser_jonas.pdf (tese de mestrado)

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Pedagogia Montessori

Permitir à criança formar seu próprio conhecimento é também uma prerrogativa da escola montessoriana. Para a fundadora da escola, a italiana Maria Montessori, as crianças são talentosas, curiosas e criativas quando trabalham com algo que prende seu interesse e que elas mesmas escolheram explorar. Os professores devem ser guias que ajudam o aluno a aprender como aprender por si só, estimulando-o a desenvolver seu potencial humano. O espaço escolar deve ser o “reino da criança”, onde ela tem autonomia para agir e responsabilidades com que arcar. Desta forma, a proposta montessoriana é que a criança aprenda a viver em comunidade, de modo maduro, ajudando os menores, guardando os brinquedos depois de brincar, limpando o que sujar, sabendo esperar, respeitando e sendo respeitada. A sala de aula montessoriana é um pequeno “meio ambiente” com o máximo de recursos possível, pois acredita-se que a criança constrói seu conhecimento por meio da percepção, explorando e manipulando objetos com liberdade, trabalhando sozinha ou em grupo, sem prejudicar os outros nem estragar nada, e devolvendo o material que estiver usando ao seu devido lugar após finalizar seu trabalho.

por Eduardo Viana

Maria Montessori (1870-1952), nasceu na Itália. Formada em medicina, direcionou a carreira para a psiquiatria e logo se interessou por crianças deficientes.Devido sua formação médica teve fortes influências positivistas, acreditava na experiência sensível externa que dá ao homem o progresso da inteligência, para que ele possa deixar de egoísmo e viver também para os outros.

Para ela a educação deve ser efetivada em etapas gradativas, respeitando a fase de desenvolvimento da criança, através de um processo de observação e dedução constante, feito pelo professor sobre o aluno. Na sua visão a criança é pré-disponibilizada para aprender mesmo sem a ajuda do alheio. Segundo Montessori , na sala de aula o professor é uma espécie de orientador que ajuda a direcionar o indivíduo no seu desenvolvimento espontâneo, para que o mesmo não desvie do caminho traçado, assegurando a livre expressão do seu ser, sua exigência com o professor era: RESPEITO À CRIANÇA.

O educador educa através de ATITUDES, que servem como apoio/referencial para criança. Isso mostra sua preocupação com o bem-estar e social da criança e também com o aspecto prático da educação. Ainda segundo ela, a criança aprende mexendo-se (aprendizagem-movimento) num ambiente previamente preparado. Sua escola foi totalmente adaptada para atender as necessidades da criança, favorecendo a independência do aluno.

DESCOBRIR O MUNDO PELO TOQUE

Maria Montessori defendia que o caminho do intelecto passa pelas mãos, porque é por meio do movimento e do toque que os pequenos exploram e decodificam o mundo ao seu redor. Muitos dos exercícios desenvolvidos pela educadora objetivam chamar a atenção dos alunos para as propriedades dos objetos (tamanho, forma, cor, textura, peso, cheiro, barulho). Ela desenvolveu os materiais didáticos, objetos simples, mas muito atraentes, e projetados para provocar o raciocínio. Há materiais pensados para auxiliar todo tipo de aprendizado, do sistema decimal à estrutura da linguagem.

Exemplos desses materiais: blocos maciços de madeira para encaixe de cilindros, blocos de madeira agrupados em três sistemas, encaixes geométricos, material das cores, barras com segmentos coloridos vermelho/azul, algarismos em lixa, blocos lógicos, material dourado, cuisenaire, ábaco, dominó, etc.

adaptado de http://www.somatematica.com.br/artigos/a14/

Centrada numa postura psicológica sensorial, a base de seu trabalho se dava através de estímulos externos, determinados e orientados para cada objetivo a ser desenvolvido, da forma seguinte:

1 – Educação básica – feita através de tabelinhas de diferentes qualidades, pesando 24, 18, 12 gramas.

2 – Educação estereognóstica – reconhecimento de objetos pelos sentidos musculares e táteis, através de exercícios feitos com os olhos fechados.

3 – Educação do olfato e do paladar – exercícios muito simples: são apresentadas varias substâncias diferentes as quais as crianças cheiram ou provam, com os olhos vendados para identificá-las.

4 – Educação táctil e térmica – consiste em desenvolver as habilidades pelo tato, a agilidade, noções de higiene, sensibilidade do calor, sentidos térmicos e táteis. Para isso utilizavam-se materiais de diferentes superfícies, tecidos diferentes, tigelas cheios de água em temperaturas diferentes.

5 – Educação da vista – tem como objetivo conduzir a criança a observar e perceber distâncias e cores, utilizando os seguinte materiais: caixas com cartões, encaixes sólidos, objetos de diferentes tamanhos e espessuras.

6 – Educação do ouvido – realizada através de exercícios que servem para a aquisição da linguagem treinando a atenção e reconhecimento dos sons, utilizando apitos, caixinhas cheias de material diferentes e campainhas. Com educação do ouvido, cria-se um introdução para a iniciação musical, gestual e de atitudes.

7 – Lição do silêncio – em que as crianças são levadas a observar ruídos – desde o voar de uma abelha até o barulho percebido num parque.

Tais exercícios têm como objetivo fazer com que a criança ganhe concentração e disciplina.

Todos os exercícios motivadores são praticados com material aconselhável para educação dos sentidos.

Alguns desses materiais são auto-didáticos, isto é, possibilitam à criança, ao trabalhar com eles, observar seus próprios erros .

Uma das maiores contribuições de Montessori é seu material dourado, usado para auxiliar o ensino e aprendizagem do sistema de números decimais e operações fundamentais.

No ensino tradicional as crianças “dominam” os algarismos a partir de treinos cansativos, mas não compreendem o que estão fazendo. Com o Material dourado as crianças passam a ter uma imagem concreta facilitando a compreensão desenvolvendo um raciocínio e aprendizado mais agradável.

Os Materiais montessorianos

1 – Material das contas – destinado a representar os números sob forma geométrica. As unidades são representadas por pequenas contas amarelas; a dezena (ou número 10) é formada por uma barra de 10 contas enfiadas num arame bem duro. É repetida 10 vezes em 10 outras barras ligadas entre si que formam o quadrado de dez somando o total de cem.

2 – Material dourado – constituído por cubinhos, barras, placas e cubão. O cubo é formado por 10 placas, a placa é formada por 10 barras e a barra é formada por 10 cubinhos. Esse material é feito de madeira.

Adaptado de http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/84/39/

Vantagens

A fase mais visada é de 0 a 06 anos, na qual, segundo Montessori, se formavam a inteligência e o complexo das faculdades psíquicas. De 03 a 06 anos, a criança conquista conscientemente seu meio ambiente; assim, um ambiente preparado permite à criança fazer escolhas e responsabilizar-se por sua própria aprendizagem, aprendendo a compartilhar e a esperar.

Muitas das técnicas são possíveis de serem realizadas em casa.

Desvantagens

Os materiais são caros. Mas podem ser confeccionados se houver conhecimento do material original.

Informações (em inglês)

www.montessori.org

www.montessori-ami.org

http://homepage.mac.com/montessoriworld/mwei/montessori/index.html

Aonde encontrar os materiais para download:

http://www.ux1.eiu.edu/~cfsjy/mts/_link.htm

http://www.montessorimaterials.org/index.htm

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Uma das escolhas mais difíceis que venho passando é sobre a escola que meu filho virá a frequentar. Selecionar uma escola de educação infantil ou de ensino fundamental, não é uma tarefa fácil pois os pais podem encontrar as mais diferentes correntes pedagógicas.

Como mãe – e não educadora ou grande conhecedora do assunto – comecei a fazer um apanhado de materiais pedagógicos para entender essas diferentes frentes existentes na educação infantil no Brasil. Com o blog, posso disponibilizar parte deste material e quem sabe abrir uma frente de discussão sobre prós e contras que os livros não falam. Afinal, por certas razões – entre elas a financeira – nem sempre se pode escolher a escola do filho, mas entender o princípio das pedagogias pode ajudar a opinar na mudança da escola tradicional que se tem acesso ou aplicar o princípio (ou a mistura de principios) na educação em casa. Pelo menos servirá para abrir os horizontes.

O essencial é sua atitude em relação à escola, o suporte que você vai dar ao seu filho no momento de seu ingresso e a relação desenvolvida com o professor.

Para a entrada na escola, Catherine Dumonteil-Kremer faz algumas sugestoes:

  1. “Ler historias que falam de escolas

  2. Conhecer alguns amiguinhos da mesma idade que seu filho que também ingressarão na escola. Talvez seja o momento de fazer um piquenique em casa para reunir algum amiguinho. Se este estiver na mesma escola ou classe, seu filho se sentirá mais confortável.

  3. Se as escolas fizerem períodos de adaptação seria ótimo poder participar.

  4. Explique a seu filho como se passarão as coisas na escola.

  5. Comprar material escolar é uma preparação. Se seu filho for pequeno prefira os bem baratinhos. Ao longo do ano muita coisa se perde.

  6. No dia D, saia com antecedência e:

    1. Se puder participar com ele no primeiro dia de aula, ótimo. Para ele seria bem melhor conhecer uma outra rotina, um outro ambiente com o suporte dos pais.

    2. Se não, explique-lhe que terá de deixá-lo na porta da escola e a que horas voltará. Prepare-se para o choro mas sobretudo, não lhe deixe triste sozinho. Você tem um pouco de tempo a mais para pegá-lo nos braços e lhe dar suporte. Aceite seu choro e lhe console.

Se a tristeza não aparecer no primeiro dia, saiba que mais cedo ou mais tarde ela vai aparecer. Pode ser que no supermercado, diante da metade de um biscoito que você lhe oferecer, ele tenha uma crise de choro desproporcional. Pense sempre que há uma boa razão para as manifestaçoes emocionais de uma criança. Seja organizada em relação ao tempo durante alguns dias enquanto ainda haja tristeza para curar.”

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O professor suficientemente bom

Na tentativa de buscar imagens, metáforas, enfim, elementos que possam auxiliar na composição da função do professor em sala de aula, penso ter encontrado na teoria do inglês Winnicott uma possibilidade.
Donald Winnicott foi pediatra e psicanalista (1896-1971) e estudou os estágios mais primitivos do desenvolvimento emocional do ser humano. Para ele, o bebê só existe como parte de uma relação, na condição de absoluta dependência da mãe. Sendo assim, o ambiente tem uma influência determinante sobre a constituição do psiquismo precoce.
Pensando nas qualidades que a mãe precisa ter para proporcionar ao filho os cuidados indispensáveis ao seu desenvolvimento, é que Winnicott concebeu o conceito de “mãe suficientemente boa”, que compreende a condição em que a mãe possua a disponibilidade e os elementos necessários para acompanhar o filho em suas necessidades mais primitivas e básicas. Ela não precisa ser perfeita. Basta que atenda ao filho de forma rotineira, mas flexível. Digamos que a mãe suficientemente boa é monótona, pois ela cria um ambiente previsível, que responde às necessidades do bebê, proporcionando a ele uma situação de continuidade, importante para a formação e o fortalecimento da segurança, da confiança e, principalmente, para a integração corpo e mente. No início da vida e durante algum tempo, o bebê não reconhece o outro, porque está fusionado à mãe.
Outro conceito ligado ao de “mãe suficientemente boa” é o de “holding”, que se traduz na idéia da “sustentação das condições básicas para que o bebê viva suas experiências físicas e psíquicas, sem perigo”. Mas o conceito não significa que a mãe não possa falhar, pelo contrário. O que importa é que não ocorram falhas que invadam e quebrem, de forma violenta, a linha de continuidade que o bebê vinha experimentando, de forma a provocar nele “fantasias de aniquilamento”.
A relação intensa e necessária entre mãe e filho, expressa no conceito de “mãe suficientemente boa”, de Winnicott, é uma relação de humanização e é comum a cada um de nós. Não há como fazermo-nos humanos sem a existência e a presença atenta de alguém. O colo, o olhar, a palavra, a preocupação, vão construindo os primeiros significados, livrando-nos de nossa insignificância original, além de reafirmar nossa existência. O olhar do outro reconhece a nossa existência. E, justamente porque dependemos imensamente disso tudo que vem do outro, é que temos medo. A convivência social é dolorosa, porque é importante demais.
Se nesse momento inicial da vida, tudo corre suficientemente bem, a criança pode evoluir no seu crescimento. Então, gradativamente, a mãe pode ir se distanciando, rompendo aos poucos os laços fusionais e introduzindo os elementos da realidade, assim como outras pessoas no ambiente.
Durante toda a infância, outros estágios virão até que a entrada na adolescência provocará um questionamento e uma revisão de todos os valores, preparando o jovem para os rompimentos necessários a sua inserção no mundo adulto.
A entrada da criança na escola tem acontecido cada vez mais cedo. Se tempos atrás era somente por volta dos cinco anos, agora tem ocorrido aos dois anos, muitas vezes até antes disso. A distância que separava a escola da família foi encurtada. As funções da escola vêm sendo modificadas no sentido de uma maior responsabilidade sobre seus alunos. Funções que antes competiam à família, hoje são delegadas à escola.
E o professor vem lutando para sustentar sua posição de autoridade, abalada pelo estremecimento de convicções e valores que acompanha nossa entrada no século XXI.
O professor tem hoje a importante responsabilidade de receber a criança que chega marcada pelo rompimento causado pelo afastamento precoce do núcleo familiar, ao separar-se dos pais.
E, pensando em Winnicott, tentei imaginar como seria o professor suficientemente bom.
Como substituto que é da família, o professor suficientemente bom seria aquele que, nos primeiros anos, forneceria uma espécie de holding ou sustentação à criança, criando uma condição de rotina necessária à sua adaptação à nova experiência, que se inicia no ambiente escolar. Ele trataria de oferecer à criança uma presença viva, preocupada, atenta e amorosa e, principalmente, constante, que seria muito importante para a estruturação de sua imagem como referência segura. A relação aqui também seria, ainda, de dependência. A criança contaria com o professor para lhe garantir a percepção de que ali está alguém que detém um saber e uma autoridade fortes o suficiente para que ela sinta que pode se entregar, passivamente, aos seus cuidados. A força desse saber e dessa autoridade remeteria a uma impressão de firmeza que possibilitaria à criança tolerar os embates e as dores da convivência. Nesse contexto, o professor deveria entender que “disciplina” é um conceito extremamente relativo e que depende principalmente do que ele espera de seu aluno, dosando, portanto, o grau de liberdade que a ele se poderá proporcionar, de forma lhe seja garantida a expressão de seus afetos, sejam de amor ou de ódio, sem o risco de respostas radicais e repressoras.
O professor deveria, ainda, ser capaz de tolerar o mal-estar inerente ao processo educativo, cuja dimensão extremamente abrangente provoca sempre frustração e põe à prova, o tempo todo, a persistência necessária ao sucesso.
Assim como a mãe, o professor também falha, e isso lhe conferirá uma condição de humanidade importante para que a criança aprenda a superar suas decepções e continuar sua vida apesar delas. Ao mesmo tempo, essas falhas não podem ser tais que cheguem a derrubar o professor da importante posição de representante do saber e da cultura. A criança, o aluno em geral, precisa dessa referência, por mais que isso lhe exija certas responsabilidades. Se o adulto abandonar seu papel, seu “lugar”, provocará na criança, certamente, um grande desamparo e um conseqüente desequilíbrio, tornando-lhe mais difícil o desafio que será feito, mais tarde, de encontrar, por sua vez, também o seu “lugar”, para que possa desempenhar o papel que lhe couber.
É de se esperar, à medida que o aluno cresce, que a relação de dependência estreita dê lugar a uma dependência mais relativizada, dando surgimento a um espaço de troca e também de mais criatividade e liberdade.
Talvez o conceito de suficiência provoque interrogações, pois não oferece parâmetros objetivos e precisos. O que é suficiente? Claro, temos aqui, na relação entre o professor e o aluno, uma situação muito complexa, que exige, por isso mesmo, constante atenção quanto às intensidades com que as atitudes, iniciativas e decisões precisarão ter para serem efetivas na promoção do desenvolvimento humano das crianças. Mas penso que o conceito é válido, pela desacomodação que gera, e pelo cuidado que sugere, a fim de que, qualquer que seja a nossa posição, ela esteja sempre procurando afastar-se dos extremos; exigindo-nos, enfim, um trabalho mais orientado pela intuição, pela sensibilidade e pela flexibilidade.
Espero que a articulista tenha sido suficientemente instigadora para provocar no leitor o desejo de pensar mais sobre isso tudo.
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Élide Camargo Signorelli
, psicóloga com formação psicanalítica pelo C.P.CAMP, Centro de Psicanálise de Campinas, e especialização em adolescência pelo Departamento de Psiquiatria da FCM da UNICAMP.

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Analy divide conosco o texto abaixo, escrito por psicólogas da USP e que clareia muita coisa sobre criança&organização da casa, discussão que está em curso na lista.

Elaine Pedreira Rabinovich; Ana Maria Almeida Carvalho

Universidade de São Paulo

A partir do acompanhamento de crianças de 0-12 meses em visitas domiciliares, propõe-se um esquema de análise no qual os conceitos de apego e autonomia, relativos à relação mãe-criança, são associados aos conceitos de “lugar” e “espaço”, relativos à organização do ambiente doméstico, compreendidos como expressão de um “sistema de desenvolvimento” que inclui a organização psicológica da díade mãe-criança e as crenças e condições de vida concretas nas quais o desenvolvimento ocorre. Sugere-se uma tipologia – rígido; flexível; simbiótico; instável – associando o modo de morar ao modo de cuidar.

Este trabalho objetiva apresentar o esboço de uma tipologia de relação mãe-bebê associando modo de cuidar e modo de morar, e justificar a construção dessa tipologia.

A tipologia emergiu como uma consequência dos conceitos de espaço potencial (Winnicott, 1982) em suas relações com os conceitos de “lugar” e de “espaciosidade” (Tuan, 1983) em conjunto com os de apego e exploração (Bowlby, 1984).

Para Winnicott (1982), o espaço potencial seria o espaço cultural e os objetos transicionais seriam os intermediários entre os objetos da fantasia e os da realidade. Tais objetos tanto ajudam a fazer a ponte entre a realidade subjetiva e a realidade objetiva quanto ao fazê-lo, permitem a criação da própria cultura através da criatividade que decorre do aspecto potencial. O espaço potencial é o espaço possível, não do evento certo, mas o que decorre e onde ocorre o encontro, o início e o prosseguimento da vida subjetiva.

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