Pedagogia Freinet
O francês Célestin Freinet (1896-1966) acreditava que a criança deveria estar no centro de tudo, sendo tratada pelo adulto em condições de igualdade. Era contra o autoritarismo sob qualquer aspecto, sendo contrário à avaliação quantitativa e à imposição de castigos e sanções. Isso não significa que, de acordo com a corrente pedagógica que criou, não deva haver ordem e disciplina em sala de aula. Ao contrário, o respeito mútuo entre professor e aluno é fundamental. O método Freinet é eminentemente participativo. O conhecimento é adquirido pela experiência e o aluno deve ser motivado a experimentar tudo quanto queira. Um dos princípios deste método é despertar, na criança, a afetividade, o senso de responsabilidade, o senso cooperativo, a sociabilidade e a autonomia reflexiva. Recursos como a aula-passeio e a imprensa escolar são usados para motivar o interesse dos alunos. De acordo com a pedagogia Freinet, o aluno deve escolher as estratégias de desenvolvimento dos conteúdos previstos no currículo e ser capaz de se auto-avaliar.
Autor: Eduardo Viana
Um pouco da história:
Freinet virou “Professor primário” pelo profundo respeito que tinha à criança. Em suas aulas, autonomia era dada às crianças, que as conduziam graças a um conselho cooperativo. Ensinar para ele era “a arte de levantar questões e de acompanhar os alunos na busca das respostas”. Ele dizia que a maneira como as escolas educavam as crianças não visava nem a educação nem a inteligência, somente faziam-nas aceitar as regras (alguma coincidência com o sistema atual ?).
Freinet admirava a sabedoria natural das crianças do campo que chegavam à escola carregadas de pequenos insetos, flores e animais do bosque. Os textos livres eram impressoes que as crianças tinham das comuns experiências fora da sala de aula. Os manuais escolares foram substituídos pelos “Livros da Vida”, escritos, desenhados, organizados e publicados pelas crianças -após algum tempo desse trabalho manual, ele comprou uma imprensa. Os Livros da Vida continham documentação sobre a natureza, a comunidade local, a sociedade e a história. Esse repositório de informações era utilizado pedagogicamente como recurso de aprendizagem.
Segue abaixo em ordem alfabética algumas técnicas criadas por Célestin Freinet (Autora do texto: Andreza Alves da Silva).
Aula das Descobertas – Por acreditar que os interesses dos alunos não estava dentro da escola, ele desenvolveu essa técnica visando motivar os alunos, através da ação, tentando trazer a vida para dentro da escola.
Auto-Avaliação – São fichas feitas pelo próprio educador, nessas fichas o aluno deve registrar tudo o que aprende sempre que um tema é concluído. Assim, o educador tem a oportunidade de acompanhar o progresso do seu aluno e o aluno não se sente avaliado, o que muitas vezes prejudica.
Correção – Antes do texto ser enviado para a Impressa Escolar, é necessário que o texto seja corrigido. A correção pode ser feita pelo educador, coletivamente, individualmente ou então, através da auto-correção, assim o aluno percebe o erro e aprende com ele, o erro torna-se significativo.
Correspondência Interescolar – Nessa atividade, os alunos tem a oportunidade de conhecer outros alunos de comunidades diferentes, assim eles aprendem um pouco sobre outros costumes, se deparam com outras realidades. A pluralidade é bastante desenvolvida nesta atividade.
Fichário de Consulta – As fichas são feitas pelos próprios alunos e educadores, essas fichas servem para facilitar a assimilação de assuntos a serem estudados. São exercícios, passatempos ou artigos para simples informação. Célestin Freinet acreditava que os livros didáticos estavam muito fora da realidade dos alunos.
Impressa Escolar – Na sua época, Célestin Freinet usava o límografo para a divulgação dos textos dos seus alunos. Pode ser um registro sobre aula das descobertas, uma entrevista, pesquisas entre outros. A divulgação pode ser interna, só dentro da escola ou então feito um jornalzinho enviado para outros da sociedade.
Livro da Vida – Ele é muito parecido com um diário, o registro é livre, ou seja, o aluno escreve no momento em que estiver com vontade e sobre o assunto que quiser, não precisa ser especificamente assunto escolar. O registro pode ocorrer de diversas maneiras, com desenhos, escrita, colagens ou outra forma que encontrarem.
Plano de Trabalho – São grupos de alunos que se organizam para desenvolver determinado tipo de trabalho, o educador pode partir do próprio currículo escolar e escolher o tema. O número de integrantes é livre, fica a critério da classe, o registro do trabalho do grupo deve ser feito semanalmente, para que o educador possa acompanhar o desenvolvimento até a conclusão do mesmo.
Vantagens
A idéia é tratar a criança da forma como um adulto gostaria de ser tratado. Isso evita subestimar as crianças e conseguir ouvi-las e respeitá-las. Também diminui a hierarquia entre professor e aluno, passando a idéia de que a superioridade não leva a nada, e que deve-se respeitar todos igualmente.
Não nega a condição orgânica e social da criança. “O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado fisiológico, orgânico e constitucional’.
Considera um erro o autoritarismo, a disciplina rígida- que conduz a uma passividade, as notas e classificações e os castigos. Mas acredita ser importante a disciplina dentro da sala de aula.
Estimula a livre escolha e o trabalho funcional. Considera que uma criança aprende muito mais se “viver”e depois conhecer os porquês. Diz que a inteligencia está ligada a todos os elementos vitais.
“A escola cultiva apenas uma forma abstrata da inteligência, que atua fora da realidade, fica fixada na memória por meio de palavras e idéias.”
É contra a sobrecarga de trabalhos.
É mais acessível que outras pedagogias.
http://www.niee.ufrgs.br/cursos/topicos-ie/solange/freinet.html
Desvantagens
A prática desta pedagogia atualmente é diferente da iniciada nos anos 60 por não vivermos o mesmo período, pelo fato do idealizador já ter morrido e pela diversidade de pessoas que aplicam essa metodologia não rígida.Vejo como desvantagem as prováveis distorções que possam haver e a falta de padronização em diferentes escolas. Isso dificulta a transferencia da criança de uma escola a outra.
Informações:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/art02_23.pdf